quinta-feira, 6 de março de 2014

Sobre como não somos tão consciente quanto pensávamos.

Um dia conversando não lembro com quem, eu disse que meu maior pesadelo seria o de não ter autoridade sobre EU mesmo. A estranheza de não conseguir se achar, de perder o controle e as estribeiras é com certeza uma das minhas maiores preocupações.

Penso que o resto pode desabar: o emprego, o namoro, as amizades, a família. Mas se eu conseguir me manter na linha, tá tudo bem. Isso porque essas coisas (emprego, namorada, amigos, etc) são coisas que vem e vão e quase nunca por nossa causa - digo, por uma única causa. Então geralmente eu mantenho foco naquilo que posso controlar: meu sentimentos, minha respiração, meu fluxo de pensamentos, minhas ambições, meus anseios, medos, e por aí vai...



Vejo que a maioria das pessoas gastam um bocado de energia "equilibrando pratos". Ou seja, tentando sustentar alguma coisa que por si só não se sustenta. Seja isso uma ideologia, uma postura, uma cobrança. Ex: o cara em alguma parte na vida se viu aplaudido por ser um garanhão. Apartir disso sua vida toda gira em torno de manter essa postura. Ele deixa de viver outras faces do seu próprio eu, limitando sua existência. O pior disso tudo é o sofrimento que isso causa, tanto à pessoa quanto aos envolvidos com essa pessoa. Isso porque o sujeito que é previsível e enclausurado à uma postura, será limitado no que diz respeito à convivência. Ex: chama fulano pra essa festa bacana não, ele disse que só vai à lugares com pouca gente.

Falarei disso mais detalhadamente em outro post. Porque esse aqui eu quis fazer dedicado à um documentário que tem mais não tem haver com isso que estou discutindo. Explico. O nome do doc é "The Century of the Self", ou "O século do Eu (ou do Ego)".



Pra quem decidir ver o filme, já adianto: você terá de ter paciência. O documentário é dividido em quatro partes: Máquinas da felicidade, A engenharia do consentimento, Há um policial dentro de nossas cabeças. ele deve ser destruído e Oito pessoas bebendo vinho em Kettering. Todas as partes com a média de 60 minutos de duração.

Se eu pudesse resumir a história de uma maneira bem grossa, seria tipo isso:

A elite, ou seja, o povo que comanda a porra toda por aqui, em determinado tempo da história descobre, através dos estudos de Freud (sim, o psicanalista fodão) que o ser humano pode ser controlado - por ser um animal quase que sempre IRracional. Daí você pensa, "nossa que besteira, sou completamente livre e independente", tá, mas pera aí...
Freud deve ter se contorcido demais em seu caixão quando o seu parente (sobrinho ou primo, não interessa) Edd Bernays começa à colocar em prática às teorias e não só vê que ele ESTÁ CERTO como se torna um dos mais poderosos homens de New York.
A primeira façanha de Ed foi fazer um grupo de mulheres fumar. Parece besta, né. Mas você acha que na sociedade do século XX, machista pra caralho, quando inventaram o cigarro ele era voltado à que público? O masculino, é claro.  Sei que nesse dia tinha toda a concentração da mídia e o malandro conseguiu com que tirassem foto no exato momento em que as mulheres tiravam seus cigarros debaixo da saia. O resultado: fotos em todos os jornais da época, inclusive alguns internacionais. Daí pra frente a mulherada caiu na onda de que o cigarro representava poder etc e tal.


Depois desse fato foi como se Bernays tivesse encontrado o santo graal. O cara começou a fazer todo tipo de experimento e rapidim as grandes empresas o contrataram para ajudar à introduzir produtos goela abaixo da sociedade. Com sucesso. As empresas que tinham Ed como marketeiro cresceram, a bolsa de valores subiu, o povo consumia como se não houvesse amanhã e os políticos cresceram o olho no cabra, logo o contratando para induzir o povo à votar em fulano ou ciclano.

O que Ed era expert em fazer era controle de massas. E é isso o foco dessa película interessante.

No andar da carruagem aparecem N tipos de interpretações das emoções humanas, como controlá-las, um punhado de pessoas geniais e loucas, um zé telo. Prepare-se para ver pessoas se contorcendo, pessoas peladas, psicanalistas malas, gente burra, gente esperta, etc. Então pra você que gosta desse tipo de assunto, que quer entender mais sobre a psique humana, que se acha às vezes dentro de uma matrix onde tá todo mundo desnorteado, esse filme vai abrir um pouco mais seus horizontes. Eu particularmente gostei mais da parte em que o filme nos mostra que mesmo quando queremos ser "diferentes", adotando um tipo de vida diferente, existem produtos relacionados à esses anseios e se não pararmos e nos analisarmos, continuamos seguindo na corrida-dos-ratos, só que com um tênis mais descoladinho...

Ps: o site que consegui baixar depois de ter instalado não sei quantos programas inúteis, vírus e tudo mais em sites fdp's, é esse: http://kickass.to/bbc-o-s%C3%A9culo-do-ego-the-century-of-the-self-t7668189.html

Um abraço, até a próxima!

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