segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Smart boys
Quando eu penso no meu tempo de badeco, ali nos meus 10, 11 anos, a primeira imagem que me vem à mente é a da rua abarrotada de muleques descalços e sujos até a alma. Tinha um cachorro - caramba, como lembrar disso me dá saudade - que mesmo sendo um vira-latas, tinha uma esperteza suficiente pra gente usar ele nas brincadeiras de pique-esconde como se fosse um verdadeiro caçador.

Foi ali que gastamos a maior parte dos trocos dos pães pra depois de sair da aula correr para os 'taitos' e jogar Donkey Kong, Final Fight, KOF, Sonic Wings...O tempo livre e solitário era gasto pra rabiscar os super heróis favoritos nas capas de caderno.




segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Neon Ballroom. Nevermind.

Sem querer me flagelar, mas eu sempre tive uma certa repulsa por quem é muito insistente. Mas mesmo assim ele tinha que colocar aquele violão no meu colo e pedir mais uma vez, que eu tentasse tirar o acorde.

Não era difícil. O problema é que eu não via nenhum motivo para aquela insistência. "Nós vamos ter uma banda e você vai tocar guitarra" ele dizia. "Cara chato da porra" eu pensava enquanto me rendia e pegava o violão novamente.

Eu era bastante tapado na época. Tinha alguns Cd´s do Dj Thiago e isso era o que eu tinha como música. Até que um dia ele tirou da mochila 2 Cd´s. O primeiro eu poderia julgar ser um álbum de música de salão. O segundo me despertou um certo fascínio e curiosidade por estampar na capa um bebê correndo atrás de uma nota de dólar.




Ele contava sobre as performances das bandas ao vivo, e eu pensava se tudo aquilo que ele dizia era verdade. "Como assim, o cara bate a cabeça contra a caixa?"

Lembro que os primeiros riffs violaram meus ouvidos através de um Headphone de lan-house. Senti o coração bater mais forte na proporção em que aquela canção antes lamuriosa, se tornara o meu foco principal. "Preciso tirar essa música".

No outro dia eu estava empolgado, e até aceitei aquela bandana vermelha. E só pelo fato de eu "poder" usar ela apenas enquanto estivesse na escola, me fazia me sentir mais vivo. Eu passei a ouvir as canções acompanhando as letras. Nunca tinha conhecido tamanha atitude e sinceridade. Eram gritos que traduziam uma insatisfação, e de tão paradoxal que era, transmitia uma felicidade incomum.

Aprendi a tocar a canção. E depois dela vieram outras, e outras, e outras. E quer saber? Talvez o melhor que eu tenha feito foi ter abaixado a guarda e me rendido aos pedidos insistentes.

O amigo se foi, o violão não é mais o mesmo. Mas as sensações que esse estilo de música me transmite, continuam intactos.