quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O som

Imagine um velório. 
Agora imagine o mesmo velório ao som de Drum n´Bass ou Hip Hop. É o mesmo velório, o defunto está nas duas cenas e as pessoas também não mudaram. Agora se imagine entrando em um velório onde toca Julieta do figurissimo Sandro Becker. Garanto que a cena não será a mesma e provavelmente você terá de conter o riso se quiser continuar no papel de ator. Este é um dos tantos exemplos que poderei citar em se tratando de como o som tem poder.

Não precisa viajar muito na maionese para perceber as variações de sentidos que o som proporciona. É só você se lembrar daquele filme de suspense. Vê como as partes são bem divididas: quase sempre o filme se inicia com um grupo de jovens na estrada e geralmente uma banda de rock dá a excitação do ambiente. Você automaticamente já cria a imagem de que tudo vai bem. Até na parte em que é chegada a noite e há o silêncio seguido de um som que te dá um frio na espinha e você já fica esperando o pior.

Talvez o filme de terror mais famoso seja o Psycho (Psicose em tradução livre) de Alfred Hitchcock. É inevitável. Não tem como ignorar o fato de a cena ser totalmente levada pela impecável e estridente trilha sonora. Só de olhar a foto da mulher no banheiro é como se seu cérebro desse um play!

Mas uma das melhores trilhas sonoras é encontrada no Jaws (Tubarão), de Steven Spilberg. O cara, John Wiiliams, produziu a trilha que considero algo que vai além da técnica de sonoplastia e se transporta para um completo presságio do eminente desastre porvir.

Deixando os spoilers de lado, quem nunca ouviu a expressão "música de fim de festa"? Ora vezes aqui no serviço, eu escuto isso acompanhado com cara de desdém quando boto pra cantar o saudoso Nelson Rodrigues. Certa vez estávamos eu e minha então namorada num clima bastante caliente, quando no repertório aleatório do som caiu algo do tipo Barranca e Fronteira do Leopoldo Rassier e foi o bastante pra gente parar tudo pra rir. Foi o fim da festa.

Quando se organiza uma viagem com os amigos é indispensável uma boa seleção de músicas. Essa seleção pode ditar como vai ser sua viagem. Se vocês vão ficar cantando estrada à fora, ou se vão admirar as paisagens pelas janelas e refletir sobre tudo.

O efeito do som varia em todos os ambientes. Quem já foi em folias de rua sabe como é excitante e como o som de instrumentos como percussões e sanfonas se adequam perfeitamente na diversidade de cores, cheiros, de pessoas. É como se abrisse seu espírito para explorar tudo que está em volta. Em igrejas por exemplo, é admirável como os sons que as bandas tocam no momento das orações te leva a querer fechar os olhos nem que seja para apreciar aquela mansidão.

Um estudo feito à alguns anos em bares e restaurantes, concluiu que os clientes tendem a comer e beber mais rápido dependendo do tipo de música ambiente. Em Pirenópolis-Go, na conhecida Rua do Lazer, sempre que passo por lá, é como se estivesse bebericando da vida bohemia dos antigos quando deparo com aqueles bares de baixa luminosidade ao som de jazz ou blues ao vivo. As pessoas se sentam e é como se o tempo estivesse parado, e quando percebem já é quase dia.

Um livro era pouco para dizer o quão importante é apreciar o som em todas as suas formas. Seja em música, no bater de gota em lata numa madrugada qualquer ou no som que faz o casal enquanto fazem amor. Seja na calmaria de um mantra, ou no excesso de velocidade e frenezi que nos proporciona um show de hardcore. Seja no som de máquinas industriais e buzinas na cidade ou no som do pássaro desconhecido na manhã de uma cidade do interior.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A tecnologia conecta as pessoas.

Eu chego em casa cansado, com fones de ouvido conectado ao IPOD e respondo com um aceno vazio ao sorriso sacana do meu vizinho e percebo que leitura labial não é assim tão fácil.