segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sobre experiência profissional 10, 11, 12, 13 e 14




Sei que pode parecer clichê, mas acredito que em cada local de trabalho ou lazer se você prestar bem atenção, pode carregar algumas experiências valiosas e outras nem tanto.

Uma das que eu carrego em minha bagagem intelectual é a de prever por idade/estilo o que o cliente vai pedir. 



#10 Criança. Uns 10 anos, entra mascando chiclete com aquela cara de curioso = geralmente pedirá alguma coisa que nada tem a ver com o meu ramo "tem pastel de pequi?" ou, se por sorte minha ele souber em qual loja está entrando, pedirá um sabor pra fazer laranjinha (geladinho, dimdim, o car*lho...), eu vou mostrar alguns dos 34 sabores e ele ou vai pegar de cara o de morango ou perguntar se tem de groselha. E antes de explicar o porque diabos ele vai precisar da liga neutra (produto para dar consistência), ele enfia a mão no bolso e joga na mesa aquele montante de moedas de 5 e 10.

#11 Homem. Óculos Rayban, uns 32 anos, entra falando ao celular. = desse tipo eu desencano. Volto pro meus e-mails, termino de postar o video nas redes sociais, respondo a sms da namorada. Com esses já aprendi que se você parar e der completa atenção à ele vai se frustrar terrivelmente quando ele passar dos 15 minutos de conversa no celular e depois só te perguntar se o outro vendedor está. O que é pior: às vezes corre o risco de você responder que sim, que ele só está em outra ligação e logo vai atender e o cidadão responde "ah, ok. Fala pra ele que eu passei ai".

#12 Idoso. Camisa de botão cinza ou bege, com calças e sapatos sociais. = paciência aqui é a chave. Geralmente esse recebeu a aposentadoria à poucos dias e não vai hesitar em levar aquela bela e preciosa essência de côco(!) e se você forçar um pouco mais a conversa, ele acaba levando a baunilha líquida para misturar na isca pra peixes.

#13 Idosa. Óculos na testa, conversadeira. Chega com os dentes à amostra e te chamando de colega. = adoçante.

#14 Homem. Roupas simples e uma mochila nas costas. = vai tentar vender uns dvd´s pirata e percebendo do que se trata a loja, vai sentar e começar a fazer perguntas que variam de quanto de lucro pode render uma sorveteria em uma esquina com a avenida, até se alguém já fez experimento com sabores de torresmo e lichia. "sério que não?"

nota: São dois posts seguidos sobre meu local de trabalho. Talvez por eu não estar mais sentindo aquele pique, aquela garra, aquela vontade de sair de porta em porta "hey, que tal você experimentar o novo Emustab por um precinho camarada?". Talvez por ter perdido a cor, o sentido, a graça em apresentar sempre a melhor marca e ser recebido com um "ah legal. agora aquele 23 centavos mais baratos, por favor." e sempre ter que ouvir que sou um miserável em não avisar que esses potes mais baratos, com o calor, fazem o caldo de galinha cair todo no colo das pessoas. E não menos importante! chega um ponto em que você ter que falar que não gosta da gema mole pela septuagésima terceira vez e ver que faz tanto efeito quanto você tentar convencer o cliente que 23 centavos não vai fazer falta alguma no orçamento dele, chega a ser no mínimo cansativo. Então para não ter que cometer nenhum surto ou desvaneio ou jogar o pacote de pote 23 centavos mais baratos na cabeça do cliente e falar pra ele se virar depois com a sujeira, decidi tentar ver alguns lados positivos no meu cargo de vendedor de produtos pra sorveteria.


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